Eu observava, pelo canto dos olhos, aquela bela menina dos olhos
azuis. Eu podia vê-la sorrir quando estava perto das pessoas que ela
amava, mas quando ela se afastava, era por que seus belos olhos já não
aguentavam mais a pressão das lágrimas. Por mais de uma vez eu quis
falar com ela, mas que conselhos eu poderia dar? O que eu poderia dizer
se não “não chore”? Eu não poderia fazer nada.
Acho que as coisas só pioravam, tanto para mim quanto para ela, por
que em um dia em que eu ia ao banheiro chorando, á vi sair na mesma
situação, e acho muita coincidência o fato de nossos pulsos terem as
mesmas marcas avermelhadas pelo sangue que nós mesmas tirávamos de nós.
Agora nós nos comunicamos por olhares, e às vezes, quando eu choro,
ela toma a liberdade de sentar-se ao meu lado e me acolher em seus
braços, abraçando-me e limpando minhas lágrimas.
As marcas em seus pulsos andam ficando mais fortes, e sei que ela
anda passando por coisas que nenhuma pessoa de sua idade deveria
suportar. Os cortes continuam a sangrar, mas eu sei que ela é mais forte
que muitos de nós.
Às vezes, sento-me ao seu lado e simplesmente observo o mar que ela
possui dentro dos olhos, e ela me faz deitar a cabeça em seu ombro, e eu
respiro seu aroma, que alias é muito bom, e conseguimos sorrir por
alguns segundos, até que nos separem novamente.
Nunca deixei de observa-la, nem um dia se quer, sempre preocupada em
como seus olhos vão estar naquele momento. Se cheio de lágrimas, sei que
devo ir até ela e oferecer-te meu abraço. Se limpos e claros, sei que
devo dar-te meu mais sincero sorriso, na esperança de que ela o devolva
para mim. Se nublados, sei que devemos apenas dizer o quanto odiamos o
mundo a nossa volta através dos nossos olhares dramáticos.
De alguma forma, quando estou com ela, sinto-me bem. A nossa canção
soa em minha mente e sei que tudo é uma grande porcaria, mas temos uma á
outra e o nosso silencio. Sabemos que não importa oque aconteça o acaso
vai nos proteger enquanto andarmos distraídas.
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